sexta-feira, 7 de março de 2008

Na estação da vida - Terceira Parte


Hoje, logo na ida, um jovem começou a pregar dentro do trem, com certeza era evangélico. As expressões que se ouvia eram das mais variadas, tais como, "ixi", "lá vem", "ninguém merece".

As pessoas estão preocupadas e/ou cansadas demais para prestarem atenção nesse tipo de coisa que acaba incomodando,

Isso me fez lembrar certa vez que estava distraída, quando passava um vendedor de chocolate andando de um lado ao outro. O rapaz percebeu que haviam fiscais nos vagões, tentou de toda forma esconder sua mercadoria coloco-as sob o banco e ficou sentando tentando se passar por um passageiro comum. Os fiscais, eram dois, entraram no vagão revistando tudo e acabaram por encontrar a mercadoria.

Fiquei observando e percebi a expressão de tristeza do rapaz ao ver sua mercadoria sendo levada pelos homens. Depois que os fiscais saíram, uma mulher se manifestou dizendo que ele deveria ter dado a mercadoria para ela, pois a mesma guardaria em sua sacola. Por que não disse isso antes do rapaz ter perdido seu meio de ganhar dinheiro?

Tem dias, a maioria deles, que as pessoas aproveitam o balanço do trem para tirarem um cochilo principalmente quando estão voltando para suas casas e quase sempre entram no último vagão (ou seria o primeiro?), em todo o caso, a questão é que muitos preferem esse vagão por aparentemente parecer mais tranquilo.

Porém, quase sempre essa tranquilidade é quebrada por uma garota de uns dezenove anos que entra nesse mesmo vagão vindo da sua faculdade. Sempre a observo por achar engraçado seu jeito "elétrico" e hiperativo. Quando ela está sozinha, tenta cochilar, mas em vão, fica inquieta se mexendo de um lado para o outro tantas vezes que chega a incomodar quem está a seu lado.

Mas quando encontra algum amigo, aí ninguém segura, ou melhor, ninguém mais no vagão consegue tirar seu tão esperado cochilo.

Ela fala o tempo todo em um tom muito alto, dá gargalhadas, mostra os novos toques de seu celular em um volume onde praticamente todo o vagão possa escutar, isso quando não traz um baralho e acreditem, joga truco.

Certa vez ela gargalhava tão alto, que acordou um homem que ficou incomodado e tapou os ouvidos. Essa garota não desce na mesma estação que eu, mas quando desço ela continua num pique total para alegria de seus amigos e tristeza dos passageiros.

Nenhum comentário: